As construções feitas pelo homem ao longo da história têm apresentado muitos problemas.

Para se ter uma ideia de como isso é antigo e grave, reproduziremos abaixo um trecho do
Código de Hamurabi, que data de 1700 A.C. Este trecho corresponde aos artigos 229 e 230, relativos ao problema da segurança das obras, expressos em cinco regras básicas (GIORDANI, M. C. apud LICHTENSTEIN – 1985):

  1. Se um construtor fizer uma casa que não seja firme e o seu colapso causar a morte do dono da casa, o construtor deverá morrer;
  2. Se causar a morte do filho do dono da casa, o filho do construtor deverá morrer;
  3. Se causar morte de um escravo do dono da casa, o construtor devera dar ao dono da casa um escravo de igual valor;
  4. Se a propriedade for destruída, o construtor deverá reconstruir a casa por sua própria conta;
  5. Se o construtor fizer uma casa para um homem e não fizer de acordo, e a parede ameaçar cair, o construtor deverá reforçá-la por sua conta;

Código de Hamurabi, que data de 1700 A.C. Este trecho corresponde aos artigos 229 e 230, relativos ao problema da segurança das obras

O código de Hamurabi certamente deve ter contribuído para resolver o problema da segurança das construções naquela época. Entretanto, deve ter causado também um grande medo de inovar, pois a inovação sempre traz algum risco (e se não der certo?). De qualquer modo a falta de inovação não era um problema para a época, pois as necessidades de construção podem ter sido bem diferentes das de hoje.

A evolução humana fez com que essas necessidades fossem aumentando e também os conhecimentos sobre as técnicas de construção. A inovação passou a ser aceita e até estimulada, assumindo-se, dentro de determinados limites, o risco que ela traz. Mudou também a postura diante das falhas e erros ocorridos.

Veja o que disse Robert Stephenson, quando tomou posse como presidente do Instituto dos Engenheiros Civis da Grã-Bretanha, em 1856:

“Nada é tão instrutivo para jovens engenheiros como o estudo dos acidentes e dos meios empregados para o reparo das lesões. A descrição exata destes acidentes, com o entendimento correto dos mecanismos de ocorrência, é realmente mais valiosa que a descrição dos trabalhos bem sucedidos.” (WHITE, B. apud LICHTENSTEIN – 1985).

Em outras palavras: aprende-se muito mais com os erros do que com os acertos.

Essa postura e seu desdobramento através do tempo até os dias atuais acabaram tornando a patologia uma ciência da construção. Essa ciência busca estudar os problemas construtivos e entender as suas causas, desenvolver tecnologias corretivas que consertem as falhas ocorridas e, principalmente, que incorporem inovações e práticas preventivas na construção, evitando a ocorrência de problemas e gerando edifícios cada vez mais seguros e melhores.